No último dia 24 de Maio eu estive em um evento escolar de astronomia na calçada, ocasião em que Marte estava em conjunção com a Lua crescente, sendo portanto um alvo óbvio para os observadores iniciantes.
Eu estava acostumado observar Marte em suas conjunções e máximas aproximações e naquela noite fui surpreendido por uma imagem sem detalhes, o que me motivou pesquisar sobre a distância de Marte naquela noite:
May 24, 2023: Cancer, 290,7Mkm, mag -0.8, diam: 13.2″ ¹
Recordando de um bom registro que fiz do planeta anos atrás em Outubro de 2020 encontrei os seguintes dados daquela oposição:
Opos: Oct 13, 2020: Pisces, Aprox: 2020 Oct, 6, 62,1Mkm, mag -2.62, diam: 22.56″ ²
O fascinante planeta vermelho estava muito mais próximo, mais brilhante e com quase o dobro do diâmetro visualmente. Naturalmente a imagem visual, que nunca é fácil para Marte, continha mais detalhes, o que explica a minha surpresa com a ausência de detalhes semana passada.
Também tivemos notícias recentes de uma máxima aproximação de Júpiter em Dezembro passado, mês normalmente sem oportunidades de observação em minha região. Fiquei curioso e pesquisei sobre as condições de observação e registro destes dois planetas nos próximos anos, tanto para me preparar para elas, quanto para imaginar que facilidades tecnológicas teremos quando as condições forem melhores.
Quando eu comecei minhas atividades de astronomia amadora no início de 2010 eu lia sobre as primeiras experiências com câmeras CCD e o uso de webcans modificadas para o registro de objetos no Sistema Solar. Eu fiz experiências com uma DSLR EOS 60D com resultados pobres, modifiquei uma Logitech obtendo resultados medianos nas imagens, e finalmente adquiri uma CCD dedicada (ASI 290-MC) obtendo resultados bons, sempre usando telescópios newtonianos que têm algumas desvantagens em relação às óticas dos Schmidt-Cassegrain neste tipo de atividade. Infelizmente em 2018, com a câmera adequada recém adquirida, Marte apresentou uma tempestade de areia global que simplesmente fez os detalhes da superfície desaparecerem. Em 2020 tivemos mais sorte e registros de detalhes incríveis.
Os próximos anos não serão tão favoráveis, mas logo adiante, para os que estiverem preparados e treinados, as condições serão novamente muito favoráveis. Júpiter ainda proporcionará boas capturas até o final de 2024. Lá por 2033, em uma década, teremos novamente grandes condições de observações e registros destes magníficos planetas, possivelmente com novas tecnologias que ainda não foram desenvolvidas, o que será um estímulo aos observadores mais novos.
Baseado na Tabela 1 e na Tabela 2 eu prevejo que no outono/inverno de 2033 quando as condições atmosféricas são melhores no hemisfério Sul, tenhamos condições tão boas quando a máxima aproximação de Marte em 2003 e a de Júpiter em 2022. As condições serão tão boas que se forem registrados nas mesmas condições, com os mesmo equipamentos, um leigo não seria capaz de distinguir uma da outra, mas possivelmente os equipamentos serão melhores e espero que tão divertidos quanto os atuais.
Tanto em 2035 quanto em 2050 será possível observar Marte praticamente nas mesmas condições de 2003, conforme a Figura 1.
Fontes:
¹Cartes duCiel
²http://spider.seds.org/spider/Mars/marsopps.html
³https://skyandtelescope.org/astronomy-news/jupiter-12-year-opposition-cycle/