Mais uma noite espetacular nesta temporada de inverno e seus céus limpos. Desta vez em condições ideais: céu limpo, temperatura boa, sem vento, ar seco, sem orvalho, apenas o seeing estava pobre com a turbulência na alta atmosfera. Nesta noite eu estava só e me concentrei em fazer astrofotografia. Montei o equipamento e fiz os demorados ajustes necessários. Estranhei um balanço exagerado do telescópio, mas segui em diante. Busquei registrar M11 e C101, e de quebra registrei M21 isoladamente. M21 é um aglomerado aberto ao lado de M20 a Trifídia que é muito mais interessante. Eu ainda não tinha uma foto exclusiva dele, apenas associado a M20, então tratei de resolver esta injustiça com o belo aglomerado. Estão tão próximos que uma borda de M20 aparece no canto da foto. Após as fotos dei uma olhada na Lagoa, em Ptolomeu, em Saturno e Júpiter, pois sempre é muito bom olhar estes objetos. Ao desmontar o equipamento reparei que uma das pernas do tripé não estava firme, deixando a montagem bamba, o que explica o grande número de frames perdidos por deriva na captura, mesmo com autoguiagem. Guardei tudo e vendo o Quadrado de Pégaso bem alto peguei o binóculos para ver Andrômeda e a Galáxia do Triângulo. Andrômeda bem destacada e Triângulo bem tênue. As Plêiades nascendo ao lado de Aldebarã também eram uma boa imagem.
Na terceira ida para Antônio Olinto e mais um reencontro com os amigos, tínhamos mais uma previsão de céu bom, o que se confirmou no início da noite. Mais uma vez resolvi montar o telescópio lá embaixo, na grama o que foi uma vantagem, pois mais tarde ventou um pouco e as árvores me abrigaram. Iniciei uma sessão de astrofotos fazendo capturas de M23, M14 e M11, após um demorado processo de montagem e ajuste da autoguiagem. Os frames de M11 ficaram todos com problemas de arrasto, mesmo com a autoguiagem, um processo que ainda estou começando dominar. Nesta ocasião reecontrei a Elaine, o Reginaldo e o Marcelo, e conheci o simpático casal Maurício e Élita pessoalmente. Mostrei algumas astrofotografias impressas e alguns objetos para eles com binóculos para eles terem esta experiência também. Perto de 23h00 fizemos uma pausa para um café e após isto retomamos as observações, encerrando perto de 23h00.
Foi a segunda experiência naquele céu longe, bem longe da poluição luminosa. A virada de temperatura prenunciava um céu bom. Estava orvalhando um bocado então preferi fazer uma astronomia na calçada para as crianças presentes e fotos panorâmicas, bem mais divertido do que brigar contra o orvalho usando um secador. O céu estava realmente espetacular. Observei M104, C80, C77, e M7. O contraste estava muito bom mostrando a qualidade do céu. Após algumas fotos panorâmicas no alto do observatório desmontei o equipamento que estava lá embaixo, ao lado do carro, coloquei de qualquer jeito dentro do porta-malas e assentos e fui dormir as duas da madrugada para pegar a estrada nove horas da manhã e comparecer ao compromisso familiar de domingo.
Nem sempre podemos aproveitar o céu em condições ideais, mas quando isso ocorre em um final de semana uma incursão no campo é praticamente obrigatória.
As condições estavam tão boas que me estendi um pouco mais.
Na noite do dia 12, sábado, estava me preparando para fazer algumas astrofotos. Cheguei tarde no campo, 19h00 e logo comecei a montar o equipamento. Após meia hora fiz um lanche e fui fazer o alinhamento pela estrela artificial. Terminado o alinhamento busquei M65 do outro lado do céu e o telescópio chegou bem próximo, com a ocular de 21 mm enquadrando o objeto, sinal de bom alinhamento. Daí fui buscando algumas estrelas e objetos perto da Cabeleira de Berenice onde queria fazer algumas astrofotos. Fiz a verificação de alinhamento com M99 e M64. Nisto apareceu um casal com lanternas fortes e deitou uns 30m adiante. Discutiam as constelações de Leão, Virgem, Libra e Escorpião, sem laser, e sem qualquer instrumento. Lembrei das sessões com o Marcelo e Elaine fazendo o mesmo e identificando cada uma das Constelações; Então não resisti, peguei um laser e fui lá papear. O casal era simpático, quase de minha idade, Marcus e Liz, e não conheciam o laser verde. Então mostrei com o laser Ômega do Centauro e a Caixa de Jóias, pedindo em seguida que olhassem com o binóculos. – Definitivamente a gente não estava vendo nada. Mais uma olhada em Carinae e convidei eles para olhar pelo telescópio, que os assustou pelo tamanho. Viram o tripleto em Leão, Sombreiro ao lado do Corvo, e como discutiam sobre estas galáxias com entusiasmo eu fiquei animado. – Vocês começaram pelas “fumacinhas”, o mais difícil, e estão sendo promissores. (Muitos não se empolgam). Então fui para a Caixa de Jóias, Ômega do Centauro, Tweezzers e Centaurus A antes de mostrar Eta Carinae em grande campo e Wishing Wheel. Voltei em Eta Carinae e fui aumentando para revelar detalhes da Key Hole Dark Nebula e do Homúnculo. A noite foi passando rapidamente, sem humidade, sem vento, com excelente contraste e seeing. Depois fomos para a região do Escorpião e Sagitário próximo ao Centro Galático. Ptolomeu, Lagoa, Trifídia, Omega (Swan), M16 (sem graça). Mostrei Saturno, e fui até M57 para mostrar uma nebulosa planetária, enquanto Júpiter saia de trás das árvores, para fechar com ele e Io saindo de uma ocultação. Encerramos meia noite pelo cansaço. Terminei a noite desmontando o equipamento para o retorno, satisfeito por ter aberto mão de uma monótona sessão de registros fotográficos e optado por uma animada astronomia na calçada e eles certamente entusiasmados com a experiência de observar 19 objetos de diversos tipos. Planetas, Galáxias, Nebulosas de Emissão, Nebulosas Escuras, Aglomerados Abertos e Globulares, e uma Nebulosa Planetária. Foi uma noite excelente em todos os aspectos.
No domingo o céu com muitas nuvens não colaborou, mas na segunda surgiu outra oportunidade com Lua favorável e decidi aproveitar para fazer aquelas fotos que deixei de fazer no sábado, o que foi uma decisão acertada em ambos os dias.