20.01.25 Observação – São Luís do Purunã

Olá.

Cumprindo os propósitos de observar mais o céu em 2020, agarrei a oportunidade maravilhosa que se apresentou no sábado.

A última ocasião que eu liguei a montagem foi em 20.jun.19, há seis meses. Um longo período sem esse necessário contato com os céus noturnos lá no campo.
Aliás, dessa vez a proposta era diferente das últimas observações, que eram para completar astro fotos das listas de Caldwell e Messier.

No sábado a intenção era apenas observar, sem fotografar objetos, mesmo o céu e condições estando espetaculares para isso. Céu limpo, temperatura agradável de 17ºC, sem vento, sem umidade, com seeing muito bom; tudo coincidindo com uma lua nova. Um presente de Verão, e oportunidade rara de apreciar as constelações desta época.

Não pude chegar muito cedo no campo, apenas 20h30, quando fui recebido por duas lebres grandes na entrada da pista. Se esconderam na cerca dos cavalos e segui adiante, montando o equipamento e iniciando a observação 21h30.
Olhei a Caixa de Jóias, e a nebulosa planetária Blue, dois objetos na constelação da Mosca e fui para o outro lado do céu, nas Plêiades que estavam belas. Hyades a cabeça do touro, e Aldebaran bem vermelha. A nebulosa do Caranguejo também estava bem definida, naquele pequeno chumaço de algodão, sem revelar detalhes.

Neste momento chegaram familiares do Ricardo, que estavam com um chalé. Fiz uma boa astronomia na calçada com o pequeno grupo de quatro pessoas.

Dei uma espiada em Betelgeuse apenas por curiosidade pois não tinha uma observação anterior para comparar. Ainda é bem visível a olho nú, apesar de sua diminuição de brilho. Daí busquei a Flame, ao lado de Alnitak, lá no cinturão de Orion, tênue e bem definida. Espetacular mesmo estava a Grande Nebulosa de Órion, na espada do caçador. Seu trapézio revelava as duplas facilmente com o 254mm (sinal de boa qualidade no céu), sendo também nítida a De Mairan’s, colada no “pássaro”. Perceber a Running Man, foi um pouco mais difícil.

M78 estava também bem definida e bela; Tau do Cão Maior é aquele aglomerado triangular com uma estrela brilhante em frente. Da Rosset apenas o aglomerado, e uma surpresa foi a Hubble’s Variable, também bem definida e brilhante.

Olhei duas galáxias por ali: NGC 4699 e C52; que se apresentaram como fumacinhas pequenas, nessa hora de contraste pobre.

Mostrei a grande nebulosa de Eta Carinae, e colocando um bom aumento, destaquei o homúnculo que estava muito bem definido com suas bolhas. A superior (na imagem) mais brilhante e a inferior um pouco apagada; mais um atestado da boa qualidade do céu. Uma passada pelas Plêiades do Sul e chegamos à Tarântula lá na Grande Nuvem de Magalhães, estupidamente nítida e detalhada com sua renda fascinante.

Ômega do Centauro não estava tão bela, ainda um pouco baixa, nem as galáxias Centaurus A e Tweezers com pouco contraste. Legal foi constatar que o pessoal aprendeu a usar a visão periférica para ver esses objetos. Mostrei novamente Órion, Plêiades, e se despediram.

Aproveitei e me concentrei em localizar e observar a nebulosa planetária do Eskimó que também estava bem definida.

Durante a noite vi dois meteoros longos e fracos riscarem o céu na direção sul/oeste, como é habitual observar no local.

Com a ajuda do GoTo e do Astromist no Palmtop, a noite rendeu e assim aproveitei o presente raro.
Encerrei 1h45, guardei a tralha e parti. Lá estavam novamente as lebres.
Imagino que aquela raposinha não anda por ali, ou já teriam sido jantadas.

Fernando.