23.06.03 – Observação e registro de Marte e Júpiter nos próximos anos.

No último dia 24 de Maio eu estive em um evento escolar de astronomia na calçada, ocasião em que Marte estava em conjunção com a Lua crescente, sendo portanto um alvo óbvio para os observadores iniciantes.
Eu estava acostumado observar Marte em suas conjunções e máximas aproximações e naquela noite fui surpreendido por uma imagem sem detalhes, o que me motivou pesquisar sobre a distância de Marte naquela noite:
May 24, 2023: Cancer, 290,7Mkm, mag -0.8, diam: 13.2″ ¹

Recordando de um bom registro que fiz do planeta anos atrás em Outubro de 2020 encontrei os seguintes dados daquela oposição:
Opos: Oct 13, 2020: Pisces, Aprox: 2020 Oct, 6, 62,1Mkm, mag -2.62, diam: 22.56″ ²

O fascinante planeta vermelho estava muito mais próximo, mais brilhante e com quase o dobro do diâmetro visualmente. Naturalmente a imagem visual, que nunca é fácil para Marte, continha mais detalhes, o que explica a minha surpresa com a ausência de detalhes semana passada.

Também tivemos notícias recentes de uma máxima aproximação de Júpiter em Dezembro passado, mês normalmente sem oportunidades de observação em minha região. Fiquei curioso e pesquisei sobre as condições de observação e registro destes dois planetas nos próximos anos, tanto para me preparar para elas, quanto para imaginar que facilidades tecnológicas teremos quando as condições forem melhores.

Quando eu comecei minhas atividades de astronomia amadora no início de 2010 eu lia sobre as primeiras experiências com câmeras CCD e o uso de webcans modificadas para o registro de objetos no Sistema Solar. Eu fiz experiências com uma DSLR EOS 60D com resultados pobres, modifiquei uma Logitech obtendo resultados medianos nas imagens, e finalmente adquiri uma CCD dedicada (ASI 290-MC) obtendo resultados bons, sempre usando telescópios newtonianos que têm algumas desvantagens em relação às óticas dos Schmidt-Cassegrain neste tipo de atividade. Infelizmente em 2018, com a câmera adequada recém adquirida, Marte apresentou uma tempestade de areia global que simplesmente fez os detalhes da superfície desaparecerem. Em 2020 tivemos mais sorte e registros de detalhes incríveis.

Os próximos anos não serão tão favoráveis, mas logo adiante, para os que estiverem preparados e treinados, as condições serão novamente muito favoráveis. Júpiter ainda proporcionará boas capturas até o final de 2024. Lá por 2033, em uma década, teremos novamente grandes condições de observações e registros destes magníficos planetas, possivelmente com novas tecnologias que ainda não foram desenvolvidas, o que será um estímulo aos observadores mais novos.

Tabela 1 – Oposições de Marte¹

Tabela 2 – Oposições de Júpiter³

Baseado na Tabela 1 e na Tabela 2 eu prevejo que no outono/inverno de 2033 quando as condições atmosféricas são melhores no hemisfério Sul, tenhamos condições tão boas quando a máxima aproximação de Marte em 2003 e a de Júpiter em 2022. As condições serão tão boas que se forem registrados nas mesmas condições, com os mesmo equipamentos, um leigo não seria capaz de distinguir uma da outra, mas possivelmente os equipamentos serão melhores e espero que tão divertidos quanto os atuais.

Tanto em 2035 quanto em 2050 será possível observar Marte praticamente nas mesmas condições de 2003, conforme a Figura 1.

Figura 1 – Oposições de Marte

Fontes:
¹Cartes duCiel
²http://spider.seds.org/spider/Mars/marsopps.html
³https://skyandtelescope.org/astronomy-news/jupiter-12-year-opposition-cycle/

NGC2467 na Constelação de Pupis

https://www.astrobin.com/s95zyz/

Foto tirada no Observatório Astronômico Nevoeiro, com 11 fotos de 30s de exposição e ISO 1600, empilhadas e processadas no programa Siril.

NGC 2467 é um aglomerado aberto com nebulosa na direção da constelação de Puppis. O objeto foi descoberto pelo astrônomo William Herschel em 1784, usando um telescópio refletor com abertura de 18,6 polegadas. Devido a sua moderada magnitude aparente (+7,1), é visível apenas com telescópios amadores.
Fonte – Wikipedia -> https://pt.wikipedia.org/wiki/NGC_2467

Zoom na região do Aglomerado:

NGC2467

23.02.17 – Conversando sobre câmeras

É uma questão de escolha.

Os CCDs dedicados associados com pequenos refratores, de distância focal abaixo de 400mm, com qualidade ótica boa, permitirão fotografias de céu profundo e objetos, sem um grande campo. Na prática é um conjunto com valor alto, especialmente se o CCD for grande como da ASI 1600,. Pode ser associada com placas de Peltier para refrigerar o CCD diminuindo bastante os hot pixels. Para subir de nível pode usar um CCD monocromático, com roda de filtros e filtros coloridos, ou até o conjunto da Hubble Palette, obtendo imagens fantásticas. O investimento também aumenta pelo uso de uma roda de filtros, e os filtros.

Eu optei por iniciar com DSLR porque foi um investimento que uso também durante o dia e porque já tinha algum investimento em lentes para a DSLR. Uma câmara CCD só é usada à noite. Eu tenho dois newtonianos Orion de 8″ e 10″ que uso para visual e astrofotografias, e isto me satisfaz em ambos os casos, dado o meu nível de exigência dentro do razoável. Outro fator que me fez optar por esta solução foi a pequena quantidade de noites abertas na região de Curitiba para praticar.

Figura 1 – NGC:3372 C92 BRTNB RA:10h45 DEC:-59°52′ Eta Carinae CAR
 Orion Skyview 203mm f/4.9 + MPCC + EOS 60D + Atlas EQ-G
5 × 30s @ISO 1.600

Figura 2 – IC.2944 C100 BRTNB RA:11h38 DEC:-63°22′ m:4.5 Lambda Centauri / Running Chicken CEN
 Orion Skyview 203mm f/4.9 + MPCC + EOS 60D + Atlas EQ-G
14 × 30s @ISO 1.600

Na Figura 1 foi usado um tempo de exposição bastante reduzido, mas a estabilidade da atmosfera naquela noite excepcional revelou bons detalhes. Na Figura 2 onde aparece a Nebulosa Running Chicken, basicamente em emissões de hidrogênio, usei mais frames, o que permitiu também revelar os Thackeray’s Globules / Bok Globules [en.wikipedia.org/wiki/Bok_globules], próximos ao aglomerado aberto.

Como eu viajo um pouco, uso uma câmera e um zoom nas viagens, e vou registrando o que vejo.

Figura 3 – Greenwich: Royal Observatory – William Herschel’s Telescope
Figura 4 – Greenwich: Royal Observatory – William Herschel’s Telescope

As fotos da Figura 3 e da Figura 4 foram tiradas com uma câmera que também uso para astrofotografias.

Para melhorar minhas fotos planetárias que exigem alta resolução, não teve jeito de fazer com DSLR, mesmo com uma Powermate 4x. O salto de qualidade veio só com uma ASI 290MC. Sensor pequeno para “cortar” a imagem e aumentar a imagem final.

Figura 5 – Júpiter, outubro de 2020.
Figura 6 – Marte, Outubro de 2020.
Figura 7 – Saturno, Junho de 2018

As astrofotos de alta resolução das Figura 5, Figura 6 e Figura 7 foram feitas com uma câmera CCD ZWO ASI 290-MC associada com uma VIP Barlow 2x ou uma Powermate 4x, com telescópio de 254mm f/4.7.

Também é possível fazer boas astrofotos utilizando lentes de 135mm, 200mm e 400mm. Em certos casos apenas com essas combinações podemos capturar fotos de campos mais largos ou boas panorâmicas como no caso da Figura 8.

Figura 8 – LMC GALXY RA:5h24 DEC:-69°46′ m:0.9 Large Magellanic Cloud DOR
NGC:2070 C103 BRTNB RA:5h39 DEC:-69°06′ m:8.2 Tarantula DOR
EOS 60D + EF 200mm f/2.8L @f/2.8 + Atlas EQ-G
8 × 30s ISO 800
Figura 9 – LMC GALXY RA:5h24 DEC:-69°46′ m:0.9 Large Magellanic Cloud DOR
EOS 6D + EF135mm f/2.0 + Atlas EQ-G
6 × 30s ISO 800

Com um campo maior a Figura 9 mostra a diferença entre uma câmera com sensor full frame e lente 135mm e uma câmera com sensor APS-C e lente 200mm na Figura 8.

Para as minhas opções pessoais estas câmeras e acessórios que fui adquirindo ao longo dos anos proporcionam satisfação neste hobby. Para fotografias mais sérias comecei usar autoguiagem, e um tratamento um pouco mais refinado, ainda usando Fitswork e Photoshop, como na Figura 10 abaixo.

Figura 10 – NGC 5236 M83 GALXY RA:13h37 DEC:-29°52′ m:7.54 Southern Pinwheel / Seashell HYA
Orion Skyview 254mm f/4.7 + MPCC MK III + EOS 80D + Atlas EQ-G
LVI2 Autoguider + Baader Vario Finder 10 × 60
21 × 30s ISO 1.600

Um entusiasta da astrofotografia deve ir além, com outros telescópios, câmeras, filtros, e softwares de tratamento, como o amigo João Vieira de Portugal que tive a honra de ajudar a moderar um grupo de astrofotografia no Google+, com excelentes publicações dos membros, mas o Google+ foi simplesmente descontinuado e tirado do ar pela Google.
As fotos do João podem ser vistas em: https://joaovieira.zenfolio.com/ e seu observatório urbano em: https://joaovieira.zenfolio.com/material de onde faz astrofotos usando filtros de banda estreita e longas capturas para eliminar a poluição luminosa.

20.06.24 Observação São Luís do Purunã

Mais uma noite de condições favoráveis e mais uma ida a campo em dia de semana para aproveitar o último dia desta fase favorável da Lua. Como nas saídas anteriores, não ficaria até muito tarde para poder encarar o trabalho no dia seguinte.

A Lua sempre bela, mereceu uma espiada com o telescópio, como nas duas ocasiões anteriores. Nesta noite, não houve orvalho, e a temperatura estava mais alta. O céu já apresentava nuvens altas anunciando a mudança de clima com vento vindo do norte. Por sorte a região de interesse estava aberta, e pude registrar mais dois objetos.

Após registrar o segundo objeto resolvi dar uma espiada em Júpiter e pude notar a Grande Mancha Vermelha e as perturbações nas faixas equatoriais. Saturno estava belo mostrando a divisão de Cassini nos anéis.

Encerrei cedo, pois estava um tanto desgastado pelas noitadas anteriores, mas satisfeito com essas noites proveitosas. Aguardarei outras oportunidades para mais observações.

NGC:4501 M88 GALXY RA:12h32 DEC:14º25′ m:10.4 COM
Orion 254mm f/4.7 + MPCC MK III + EOS 80D + Atlas EQ-G
LVI2 Autoguider + Baader Vario Finder 10 × 60
17 × 30s @ISO 2.000

20.06.23 Observação São Luís do Purunã

Ainda com condições muito favoráveis, querendo aproveitar a despedida da riquíssima região de Leão, Coma Berenice e Virgem, voltei ao campo para melhorar mais alguns registros. O entardecer foi espetacular com um amarelo-dourado intenso inundando tudo por alguns minutos, impregnando a mente com aquela luz.

Foi uma noite marcada por orvalhada intensa, me obrigando a utilizar algumas vezes o secador para o guidescope, e secar todo o equipamento antes de guardar.

Gavião Pinhé
NGC:4631 C32 GALXY RA:12h42 DEC:32º31′ m:9.3 Whale CVn
Orion 254mm f/4.7 + MPCC MK III + EOS 80D + Atlas EQ-G
LVI2 Autoguider + Baader Vario Finder 10 × 60
23 × 30s @ISO 1.600